3 de mar. de 2013

Sou um barro em tuas mãos


Certa vez, recebi em minha caixa de e-mail esta reflexão, eu acompanho os blogs desta Mulher de Deus, chamada Reginna e indico á todos que leia suas postagens. A cada dia chego á esta conclusão que tenho minhas falhas, que muitas vezes preciso ser quebrada e feita novamente.








Eis que vim de Deus, como tu; do barro também eu fui formado”. Jó 33.6
Você já ouviu a expressão “metido a cavalo do cão”? É uma expressão pernambucana que significa “metido a besta”. Ontem durante o culto quando o pastor perguntou quem nós éramos imediatamente veio a minha mente esta expressão: “Barro metido a besta”. Muitas vezes pensamos que somos muita coisa sem ser.
Muitos de vocês sabem que estou sempre fechando para “balanço”. Estou fechando para balanço meditando neste barro metido a besta, mas antes de cerrar as portas dos e-mails por algumas horas, gostaria de compartilhar com vocês algumas coisas que tenho aprendido.
A Palavra do nosso Deus diz: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. Gn 2.7
Fomos criados do pó, do barro, algo facilmente levado pelo vento. Só este fato já deveria ser suficiente para abater o nosso ego.
Deus soprou no homem o fôlego de vida e o pó tomou dimensões eternas. Desse monte de poeira, Deus criou uma alma vivente, não somente carne mortal e sangue, mas uma vida que está ligada à realidade invisível.
Devido ao pecado o ser humano passou a amar a si mesmo em demasia. O ser humano passou a depreciar os outros, conservando ressentimentos contra seus semelhantes. Não fazem contra si mesmos, mas antes, inclinam-se por favorecer-se com o benefício da dúvida, em qualquer ponto em que poderiam ser acusados. Devido ao pecado o ser humano consegue amar a si próprio, mesmo quando sabem quão indignos de amor eles são. O ser humano desenvolveu por si próprio um amor que encobre multidão de pecados, mas os seus pecados.
A humanidade pensa ser possível prostituir-se na mente, nas intenções, nas ações, mas não fisicamente. Para a humanidade é aceitável estar infectado por dentro, mas não é admissível uma demonstração exterior de toda esta infecção. A sociedade é hipócrita!
Os homens são frágeis e dizem que são fortes. Apenas os frágeis usam a força. Quando olhamos para a humanidade os homens “fortes” se valem da força para conquistar.
Os homens se intitulam adoradores, mas Deus diz em sua Palavra: “Porque não é onde adoramos – a nossa adoração é espiritual e verdadeira? Porque o Pai procura os tais que assim o adorem.” Jo 4.23.
Intitulamos-nos adoradores, mas será que este barro usa a sensibilidade? Ou o barro infiltra o medo como chamas de fogo no inconsciente coletivo, reprimindo comportamentos?
Será que estamos dispostos a correr riscos por amor ao próximo ou percebemos um erro, um equívoco e nos preparamos para apedrejar publicamente aquele que se equivocou? Convocamos a multidão para que atirem suas pedras sem piedade e então como em uma cena de horror os barros metidos a besta assistem os músculos sendo lesionados, os ossos quebrados, o sangue sendo sorvido pela terra? Assistimos com prazer diabólico cada minuto que mais parece uma eternidade de dor? O homem criado a imagem e a semelhança de Deus anda por aí assistindo seu semelhante agonizar. Assistimos à brutalidade diária, a dor de miseráveis seres.
Nós, o barro não entendeu o propósito do Criador e não desenvolvemos a capacidade de usar o que passamos para nos transformar em pessoas melhores. Transformamos-nos em controladores ao invés de educadores. Não prevenimos ao próximo, mas apontamos os erros. Não ensinamos a refletir, mas corrigimos comportamentos. Conseguimos apenas enxergar o que é tangível aos olhos, mas não conseguimos ver o invisível. Desistimos por qualquer razão e jamais estimulamos a começar tudo de novo. Não abraçamos, não aplaudimos, não vibramos com a coragem do próximo. Procuramos brilhar, mas jamais nos fazemos pequenos para tornar nosso próximo grande.
Julgamos-nos mestres, achamos que sabemos mais do que os outros, mas não temos a consciência do quanto não sabemos. Não somos ávidos em aprender.
Declaramos todo o tempo nossos acertos e jamais reconhecemos nossas falhas. Depositamos informações na memória, mas não conseguimos expandir a maneira de ver, de reagir e de ser. Não revelamos ao próximo a nossa impotência.
Quero ser apenas barro. Quero ser essa adoradora que Deus procura. Preciso ser essa adoradora! Desesperadamente eu preciso!
Quero ser a imagem e a semelhança de Jesus que ao mesmo tempo em que queria se fazer conhecido, gostava de se esconder. Anunciava o enigmático reino de Deus, mas vivia de um modo simples, com amigos simples. Mostrava um poder incomum, mas vivia como um ser humano. Quero ter a coragem de expor destemidamente as descriminações humanas na terra do preconceito. Quero proclamar versos sobre o amor incondicional ao próximo. Quero que na minha biografia conste que eu corri riscos – que seja a palavra de ordem – correr riscos. Que eu não seja escrava do medo do futuro. Que eu não esteja despreparada para ensinar a outros correr riscos. Não quero temer a vida. Quero viver de forma destemida, sem receio de expor a hipocrisia da humanidade, de denunciar a maquiagem que cobre o moralismo religioso, um moralismo que não sabe perdoar, que exclui que é insensível e inumano por dentro.
Não quero ser controlada pelo medo de falhar, não quero preferir a omissão à ação. Quero uma vida pautada por fatos imprevisíveis, pois meu Pai tem sido um excelente Educador – ele evita surpresas. Quero ser muito mais do que sensata. Não sei quais serão os percalços do caminho, mas quero estar disposta a ir em frente. Quero apenas ser barro.
Regina Lopes